domingo, 9 de abril de 2017

Blow up- Depois daquele beijo

"Blow up", de Michelangelo Antonioni (1966) Existem filmes que a cada revisão, se tornam cada vez mais instigantes. Nos dias atuais, de politicamente correto, fico imaginando se um personagem como Thomas sobreviveria: ele é manipulador, pratica bullying nas modelos como se elas fossem mero objetos de prazer e de escárnio. "Blow up" é um filme que é cercado de tantos simbolismos, que parecem co-existir nele pelo menos 3 filmes diferentes. O filme teve uma influencia tão grande nos Cineastas que o assistiram, que Brian de Palma e Francis Ford Coppola o homenagearam em " Blow out" e "A conversação", respectivamente. Lançado em 1966, e vencedor de vários prêmios Internacionais, entre eles, a Palma de Ouro em Cannes em 1967, "Blow up" pode ser visto como um filme que fala sobre as aparências, aquilo que vemos, o que achamos que vemos e o que poderia ter sido visto. Thomas (David Hemmings) é um fotógrafo de moda famoso e requisitado pela modelos. Jovem, ele também é manipulador e abusa moral e sexualmente de suas modelos. Para sair de sua rotina, ele se faz passar durante a noite como um operário em uma fabrica para poder fotografar os empregados, com a finalidade de publicar um livro estilo "Sebastião Salgado", em preto e branco.Um dia, ao passear em um parque com a sua câmera apenas para espairecer, ele vê um casal namorando e resolve fotografa-los. Ao ser vista, a mulher (Vanessa Redgrave) obriga Thomas a lhe entregar o filme, o que ele nega. Mais tarde, ela descobre o seu paradeiro e ele acaba entregando um outro rolo de filme. Ao revelar as fotos, e posteriormente ampliá-las, Thomas acredita ter testemunhado um assassinato. Baseado em um conto do escritor argentino Julio Cortazar, " As babas do diabo", que tem um fotografo morto e vivo que narra em primeira pessoa o que ele viu ao tirar fotos em um parque. Li em uma matéria que o ator que interpreta ' Assassinado", Ronan O'Casey, teria dado uma entrevista aonde ele explica o filme que deixou muita gente instigada pelo seu final em aberto. Segundo ele, Antonioni estourou o orçamento do filme, e por isso, a trama policialesca não se desenvolve. Verdade ou não, o filme que nos foi apresentado por Antonioni tem um dos desfechos mais intrigantes da historia do cinema. Uma trupe de mímicos joga tênis em uma quadra, mas sem bola e sem raquetes! Thomas observa a tudo curioso, até que ele é solicitado a pegar a bola invisível para que o jogo continue. Brincando com o tema da ilusão, Antonioni nos deixa perplexos sobre o protagonista: teria ele de fato visto um assassinato? Ao ampliar as fotos, ele não teria visto cosias demais? Seria ele um esquizofrênico pelo seu comportamento? Ele estaria sob o efeito de drogas? Tirando a trama policial, temos também um filme sobre moda e comportamento. Londres nessa época, era a capital da moda: artistas, escritores, poetas, todos estavam ali, no que se chamou de "Swinging London". Uma capital colorida, vanguarda, onde as drogas, o sexo livre e o rock reinavam em todos os lugares. O hedonismo dava o tom, e tudo era permitido. os mesmos mímicos surgem no inicio do filme dando o ar da provocação e dizendo a todos:"Libertem-se de suas amarras e permitam sonhar". Talvez seja essa a deixa para que Thomas de asas `a sua imaginação fértil. Com uma fotografia magistral de Carlo di Palma e uma trilha de Herbie Hancock, os figurinos e a maquiagem são um registro impecável de uma época. No elenco, além do novato David Hemmings (Sean Connery era a primeira opção, mas deu pra trás porque disse que não havia entendido nada do roteiro), temos Vanessa Redgrave, Sarah Miles , a iniciante Jane Birkin e a super modelo Veruschka. As cenas de sessão fotográficas são antológicas.

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