domingo, 9 de abril de 2017

Os girassóis da Russia

"I girasoli", de Vittorio de Sica (1970) Clássico romântico de um dos maiores nomes do cinema italiano, um dos precursores do neo-realismo e autor de obras-primas como "Ladroes de bicicleta", "Umberto D", " O jardim dos Finzi-Contini" entre outros. Desde criança eu sempre havia ouvido falar de "Os girassóis da Russia", e sabia que havia sido um enorme sucesso comercial. Mas nunca tive a oportunidade de assistir. A primeira impressão que tive era em relação a grandiosidade desse filme. Um épico romântico, no nível de " Dr Jivago" e outros clássicos de David Lean. Como era comum na época, essas historias de amor terminavam sempre com final triste e melancólico, para desespero dos espectadores. Não foi diferente com essa terceira parceria do trio de Sica/Sophia Loren e Marcello Mastroianni, com quem o cineasta havia trabalhado antes nas com´dias " Matrimonio `a italiana" e " Ontem, hoje e amanha". "Os girassóis da Russia" foi um filme que marcou toda uma geração, muito por conta da historia de amor impossível, da trilha sonora inesquecível de Henry Mancini, da fotografia de Giuseppe Rotundo e das magnificas locações na Russia. Esse foi o primeiro filme ocidental rodado em terras soviéticas, tendo tido apoio da estatal Moscow Films. Sophia interpreta Giovana, uma italiana bela que se apaixona por um soldado, Antonio (Mastroianni). Eles tem 12 dias juntos, pois Antonio terá que voltar aos campos russos para a batalha. Eles se casam, e para evitar que ele volte `a batalha, Antonio simula estar louco e é internado em uma clinica psiquiátrica. Porém, ao visitá-lo, Giovana não resiste e ambos namoram. Descoberta a farsa, ele é enviado para a Russia. Anos se passam, e terminada a guerra, Giovana não recebe noticias de Antonio. Dado como morto pelas autoridades, mesmo sem a presença de um corpo, Giovana não acredita na hipótese da morte do amado e decide ir até a Russia para procurá-lo. O recente filme de Jean Pierre Jeunet, "Eterno amor", tem um tema semelhante, com Audrey Tautou tentando encontrar o seu amado nas ruínas da 2a guerra mundial. No filme de de Sica, ele não economiza no melodrama, e por isso mesmo, o filme foi mal recebido pela crítica, apesar do grande sucesso de público. Os filmes italianos da época tinham forte teor politico e social, e quando de Sica veio com um novelão, foi massacrado. Visto hoje em dia, é inegável que o filme está datado, porém vale ser visto para relembrar um tempo onde os filmes eram grandiosos para contar uma história simples, no caso até inverossímil, mas talvez por isso mesmo, emocionante. Assistir a Sophia Loren e Marcello Mastroianni em cena é um presente para qualquer cinéfilo. A câmera é totalmente apaixonado pelos dois, como eles crescem na tela! A atruz russa Lyudmila Saveleva no papel de Mascia, também é magnifica, e imprime apenas com o seu olhar, a sua tragédia pessoal. E de Sica filma tudo com extrema elegância. Um Mestre! A imagem dos campos floridos de girassóis é antológica, ainda mais com a informação de que cada flor representa um soldado morto e enterrado no campo.

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