segunda-feira, 31 de julho de 2017

Monsieur e Madame Adelman

"Monsieur et Madame Adelman", de Nicolas Bedos (2017) Voce já pensou em assistir uma versão romantizada e cómica de "Amor", de Michael Haneke, com tintas Woody Alleanas? Pois "Monsieur e Madame Adelman" é esse filme. Mais de 40 anos da relação de um casal, que vai do inicio dos anos 70 até os dias de hoje. Todo narrado em flashbacks, através da entrevista da viúva Adelman para um jornalista, narrando como ela conheceu o seu futuro marido, o brilhante escritor Victor. Entre vais e vens, discussões, paixões e traições, o brilhante roteiro vai revelando aos poucos segredos que deixam o espectador cada vez mais comovo e apaixonado. Nicolas Bedos, que escreveu o roteiro junto da atriz Doria Tiller, dirigiu e protagonizou essa linda historia de amor. O casal está sensacional, apaixonante. As piadas envolvendo a cultura judaica são hilárias, impossível não lembra de Woody Allen. Direção segura, dinâmica, conduzindo a plateia para um espiral de emoções como ha muito não se via em uma comedia romântica. A cena com o psicólogo no hospital é um primor. Imperdível.

Hot seat

"Hot seat", de Anna Kerrigan (2017) Excelente curta metragem americano, que concorreu em Sundance 2017. Ousado, o filme mostra um grupo de meninas na faixa dos 17 anos que resolvem contratar um Stripper para o aniversario de 18 anos da mais popular, Daphne. Andrea é muito tímida e não tem o respeito de nenhuma das meninas, e para provar que ela merece entrar nesse grupo, ela topa fazer o "Hot seat" com o Stripper, uma situação que nenhuma outra garota topou fazer. Bem dirigido, com ótimas atrizes espontâneas e um ator sensacional que faz o Stripper, o filme encanta pelo teor adulto, apesar de ser um filme aparentemente para adolescentes. O tema do despertar para a sexualidade vem de uma forma fria e inesperada. Muito bom! E com apenas 12 minutos!

sábado, 29 de julho de 2017

As crônicas do mal

"Ak-ui yeon-dae-gi", de Baek Woon-hak (2015) Excelente suspense policial, escrito e dirigido pelo sul coreano Baek Woon-hak. A trama é repleta de reviravoltas e muitas pegadinhas, e por isso mesmo, muito bom para tentar descobrir o que está acontecendo. O Policial Choi é promovido. Ele sai com amigos para beber e comemorar, mas quando vai embora para casa, ele pega um táxi cujo motorista tenta matá-lo. Mas Choi consegue matar o taxista. Com medo de que o caso venha `a tona e ele perca a promoção, ele esconde o corpo, No dia seguinte, porém, o corpo aparece pendurado em um guindaste, `a vista de todos. Um homem liga para Choi e passa a chantageá-lo para não contar que foi Choi quem matou o homem. Com ótimos atores, uma trama mirabolante e que prende a atenção o tempo todo , "As crónicas do mal" é uma ótima opção de filme para quem busca um passatempo inteligente e que faz raciocinar. O Desfecho é de cair o queixo. A curiosidade é confirmar o quanto os sul-coreanos amam tramas de vingança.

Marfa Girl

"Marfa girl", de Larry Clark (2002) Um dos mais polêmicos cineastas de todos os tempos, Larry Clark, que também é fotografo, faz do cinema a janela para o seu olhar extremamente pervertido sobre a juventude. Sexo, drogas e rock'n roll nunca vem em doses homeopáticas. Escandalizou o mundo todo quando lançou "Kids" e "Ken Park", repletos de sexo explicito envolvendo adolescentes e uso de drogas. O olhar sobre os jovens sempre foi desencantado, desesperador, um grito de socorro de uma geração perdida e alienada. Em "Marfa girl", nada muda. ambientado na cidade Texana, o filme acompanha vários personagens, todos jovens, e a sua rotina, que envolve skate, drogas, sexo livre, religião, migração. Nomeio desses jovens, existe um policial fetichista, que dá carona para mulheres e depois as estupra, e se utiliza da violência para poder se excitar. O filme tem a estética naturalista que celebrizou seus filmes: não atores que dão o texto como na vida rela, falas longas, muitas vezes sem muito interesse para o espectador. A nudez e cenas de sexo são constantes, mas dessa vez sem o teor explicito de seus outros filmes. Rodado em 2002, e vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Roma na época, o filme ainda teve uma continuação em 2007, com os mesmos personagens. Praticamente, um "A ultima sessão de cinema", de Peter Bogdanovich, que também fala sobre geração desencantada e teve uma continuação depois. Dos filmes de Clark, esse ´´o menos interessante.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

The bad batch

"The bad batch", de Ana Lily Amirpour (2016) Segundo longa da cineasta americana de descendência iraniana Ana Lily Amirpour, que realizou o cult de vampiros "Uma garota anda sozinha de noite", "The bad batch" tem como maior mérito ( ou não), reunir um elenco bizarro em uma trama para lá de estranha. Já imaginaram Keanu Reeves, Jim Carrey, Diego Luna e Giovana Ribisi, em uma trama distópica repleta de canibais e adoradores de raves, mesclados a Jason Mamoa (O novo Aquaman) e Suki Waterhouse ( de "Orgulho e preconceito e zumbis")? Pois o filme consegue ainda ser mais ousado: trilha sonora com pops dos anos 80 e musica eletrônica recente, e cenas de extrema violência ( ou você acha que arrancar braços, pernas e raspar uma coluna humana são cenas corriqueiras?) A trama se passa no futuro, e todos os delinquentes, hispanos e criminosos são expulsos dos Estados Unidos e jogados para o deserto que faz limite com o Mexico. Ali, virou uma terra de ninguém, povoado de canibais. E' ali que nossa protagonista Arlen (Suki) é jogada e tem seu braço e pernas devorados. Mesmo assim ela consegue fugir, e salva por um andarilho (Jim Carrey, irreconhecível) ela vai parar em uma comunidade que adora musica eletrônica e ecstasy, governada por The Dream (Keanu Reeves). Arlen ganha então uma perna de prótese, e ai, a personagem se assemelha bastante com a protagonista de "Planeta terror", de Robert Rodriguez. Tudo no filme é exagerado, e a estética moderninha da diretora acaba esvaziando a forca da trama, que já é um pouco tosca. Longo, o filme acaba não conquistando muito a simpatia do espectador, pela falta de carisma dos personagens. Eu adoraria ter gostado desse caldeirão de referencias de Filme B. Mas fiquei na vontade.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O mar de árvores

"The sea of trees", de Gus Van Sant (2015) Ninguém tem dúvidas do talento de Gus Van Sant, que nos trouxe filmes primorosos como "Elefante", "Paranoid Park" , "Garotos de programa" e " Milk". Em 2015, ele lançou "O mar de árvores" em estréia mundial na competição do Festival de Cannes. Talvez a carreira do filme tivesse sido outra, caso não tivesse concorrido no prestigiado Festival. Ali, o filme recebeu vaias homéricas e teve as piores criticas possíveis. E' compreensível. Não pelas qualidades do filme, mas porque não era o filme para um Festival desse porte. Ou alguém consegue imaginar o recente drama espirita "A cabana" concorrendo em Cannes? Pois é exatamente isso o que o filme é: um drama de auto-ajuda, sobre um homem, Arthur, um cientista (Matthew McConaughey) que enfrenta a dor da morte de sua esposa, Joan (Naomi Watts). Claro, como todo filme espirita, existe aquele embate entre fé e a razão, por isso Arthur é um cientista. Sentindo-se culpado por não ter dado a devida atenção a sua esposa quando ela era viva, ele resolve se matar na famosa floresta de Aokigahara, no Japão (essa floresta ja foi tema de vários filmes de terror). Ali, visitantes se perdem para morrer. No entanto, em sua caminhada, Arthur se depara com um japonesa, um executivo que se arrependeu de se matar e quer encontrar a saída (Ken Watanabe). O filme então vai e volta no tempo, mostrando lição de moral do japonês, e a vida pregressa de Arthur convivendo com sua esposa. "O mar de arvores" se deu mal porque foi divulgado de forma errada. Se os produtores tivessem sido espertos que nem a galera do filme "A cabana", teriam se dado muito melhor. O filme nem sequer foi lançado nos cinemas aqui no Brasil. Com muitos diálogos repletos de frases de efeito e edificantes, o filme so ira agradar quem busca palavras de apoio. Caso contrario, se sentirá traído. Nem a grande virada da história no final o fará se redimir com o filme. Parabéns ao roteirista Chris Sparling, que espertamente, pegou o mote da série de terror "Premonição" e a desenvolveu nesse drama. Os atores estão bem, mas por conta das cenas tão melodramáticas, acabaram virando motivo de chacota da imprensa. Uma pena. E Gus Van Sant acabou meio que ficando no limbo. Vamos aguardar seu próximo filme.

terça-feira, 25 de julho de 2017

O filme da minha vida

"O filme da minha vida", de Selton Mello (2017) Adaptação do livro do escritor chileno Antonio Skármeta ( que faz uma participação no filme como um dos clientes do bordel da cidade de Fronteira), "O filme da minha vida" é um filme de um realizador cinéfilo. Além dos óbvios Fellini e Ettore Scola ("Amarcord", " A família"), bases chave para o tom de melancolia familiar e muita anarquia, pode-se ver desde Terrence Malick ( narração em off em cima de imagens poéticas), Nicholas Ray("Juventude transviada", e a comparação entre o personagem de Jonnhy Massaro e James Dean) , Ingmar Bergman ("Morangos silvestres" e a reminiscência da memória familiar), Sergio Leone ("Era uma vez na América" na representação dos meninos virgens), Pasolini ("Pocilga" e as divagações sobre a relação homem e porcos) , Godard, Agnes Varda e toda uma leva de cineastas românticos da Nouvelle Vague francesa. O filme é de uma beleza incomum, graças `a fotografia do mestre Walter Carvalho, mais uma vez, pincelando com tintas espantosas esse universo de lembranças. A história, ambientada dos anos 50 a 60, acompanha Tony ( Jonnhy Massaro na fase adulta), um jovem professor de francês, que vive com a sua mãe, Sofia (Ondina Clais, uma maravilha de atriz) no sitio. Ela é telefonista, e ambos aguardam pro anos o retorno do pai de Tony, Nicolas Vilanova (Vincent Cassel), que sumiu sem deixar vestígios. Enquanto isso, Tony vive aventuras amorosas com Luna (Bruna Lizmeyer) e com uma prostituta do bordel, além de ser motivo de chacota de seus alunos na escola. Filmado em locações deslumbrantes, é um filme que certamente irá fazer o espectador romântico se apaixonar, pois essa é a matéria prima da historia, o amor. As cenas na sala de cinema sao lindas e claro, presente para qualquer cinéfilo. Em seu terceiro longa, Selton Mello ( que vive o personagem Paco), mostra mais uma vez talento para a direção, com atores em momentos mágicos e nos enquadramentos e planos estudados com maestria. A trilha sonora é um show `a parte, com clássicos da época, entre elas, "Coração de papel", de Sergio Reis, e "Comme d'ahabitude", de Claude Francois.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Como você é

"As you are", de Miles Joris-Peyrafitte (2016) Escrito e dirigido por Miles Joris-Peyrafitte, esse é seu filme de estréia e venceu o Premio do juri de melhor drama em Sundance 2016. O filme é um poderoso drama sobre adolescência conturbada. Em meados dos anos 90, no auge do Grunge e seus roqueiros raivosos, 3 adolescentes se conhecem e se tornam amigos em uma cidade do interior repleta de conservadorismo: Jack, filho de Karen (Mary Stuart Masterson, tava com saudades), mãe solteira; Mark , um adolescente problemático, filho de um ex-militar violento e que começa a namorar Karen; e Sarah, uma adolescente negra adotada por um casal branco e que se afeiçoa por Mark e Jack. Tudo começa bem, mas vai se desenvolvendo em dramas violentos a partir do momento que Jack responde psicoticamente a um beijo dado por Mark, e tudo desaba. O filme, uma produção independente, tem linda fotografia, uma trilha sonora envolvente e uma melancolia que perpassa todo o filme. Excelente atuação de todo o elenco, e uma densidade dramática poucas vezes vista em filmes sobre adolescentes. realizada com muita competência e seriedade. A estrutura narrativa do filme lembra a do seriado "Big little liars", começando por depoimentos na policia, que vão costurando a narrativa do filme até a sua revelação final. Recomendado.

domingo, 23 de julho de 2017

De canção em canção

"Song to song", de Terrence Malick. Malick, outrora cineasta que filmava de dez em dez anos, agora tomou gosto pela coisa de vez e resolveu fazer quase que um filme por ano. Recuperando o tempo perdido, ele quase que filmou 2 longas simultaneamente : "Cavaleiro de copas" e " De canção em canção". A verdade nua e crua é que, depois do grande sucesso de "A árvore da vida" que lhe rendeu Palma de ouro em Cannes em 2011 e mais de 100 prêmios Internacionais, Malick resolveu se repetir na formula. Com o seu habitual parceiro Fotografo Emmanuel Lubezky, mais uma vez acompanhamos dramas e romances burgueses envoltos em traições, sofrimentos, crises existencialistas, planos rodados em grande angular trilha sonora pomposa, locações deslumbrantes, embrulhados para dormir em vozes Off declamados pelo elenco como se estivessem entoando canções de ninar. Quase não ha diálogos, tudo é apresentado em tons épicos, Rooney Mara, Michael Fassbender, Cate Blanchett. Ryan Gosling e em menores participações, Holly Hunter e Val Kilmer, doam corações e mentes para seus personagens errantes, envoltos em triângulos amorosos. Rooney Mara tem a personagem que costura todas as historias: uma compositora, dividida entre o amor de um produtor musical,(Fassbender) e um compositor (Gosling), que por sua vez, se envolvem com outras mulheres. Nesse mundo musical, onde tudo é permitido, vive-se num ambiente idílico regado a sexo e drogas. Bonito de ver, mas bastante cansativo para acompanhar.

A fuga

"A blast", de Syllas Tzoumerkas(2014) Escrito e dirigido pelo cineasta grego Syllas Tzoumerkas. "A fuga" é mais um drama que se aproveita do tema da recessão económica e do caos que se instaurou na Grécia por conta das dividas do Governo com os seus credores. Syllas Tzoumerkas conta essa mesma historia, através do drama de Maria: casada, com 3 filhos, filha de pais donos de uma loja, com uma irmã casada com um fascista...porém, com todos endividados. Sem saber como dar conta das dividas, a família se desestabiliza: o marido, um marinheiro, transa com outro marinheiro no seu trabalho marítimo..a mãe está paralítica..o pai provoca um acidente trágico..a irmã apanha do marido...resta `a Maria, a fuga desse ambiente opressivo. Com excelente trabalho da atriz principal, Angeliki Papoulia, o filme tem boa direção, mas a edição confusa ( talvez querendo provocando uma sensação caótica para o espectador), com vai e vem de presente e passado, deixa o espectador sem norte. O filme é repleto de cenas de sexo, fortes mas não explícitas. que trazem a dualidade dessa protagonista tão complexa. Para quem gosta de filmes gregos, é uma boa opção. O filme participou de mais de 70 Festivais, entre eles, Locarno.

sábado, 22 de julho de 2017

O holofote não é para todos

"Don't think twice", de Mike Birbiglia (2016) Brilhante dramédia, obrigatório para qualquer Ator que queira refletir sobre a sua carreira. Escrito, dirigido, produzido e protagonizado por Mike Birbiglia, esse baixo orçamento rodado em Nova York, narra a história de uma trupe de teatro de improvisação. Conhecidos como "Comuna", o grupo se formou há anos e tem 6 integrantes. Eles se apresentam em um teatro off Broadway que foi vendido e portanto, eles possuem mais 2 semanas de apresentação. Cada um dos integrantes tem um sonho: ser escalado para um programa de tv chamado "Weekend live", uma espécie de "Saturday night live". E essa oportunidade surge quando 2 produtores de casting do programa surgem na platéia. Porém, apenas um dos integrantes do grupo é escalado, provocando ciúmes, discórdia e frustração no restante do grupo, outrora unidos. O filme começa com um pequeno relato sobre o teatro da improvisação: que surgiu nos Estados Unidos nos ano 50, e que possuem 3 regras básicas: 1) Diga sim ( concorde com o mundo que seu parceiro esta criando, se permita) 2) Saiba trabalhar em grupo, não existe o indivíduo, tudo é pelo grupo 3) Não pense, aja. O subtítulo do filme resume bem o filme: " Os holofotes não são para todos". E é isso o que acontece, e é a mais pura verdade. Tem gente que tem talento, mas não tem sorte. Tem talento, mas não tem "savoir faire". Tem talento, mas não tem carisma. Sao poucas as chances de acontecer nesse mundo artístico, e o anonimato sorri para todos. O filme é triste, melancólico, cruel, e fala também sobre envelhecer e não ter os seus sonhos conquistados. Tudo no filme é brilhante: O roteiro, os diálogos, o elenco ( Ben Stiller faz uma participação), a direção. Amei ter visto, e amaria que todos vissem e refletissem sobre suas vidas. Bônus: O filme tem cenas extraordinárias de exercícios de improvisação!!!!

sexta-feira, 21 de julho de 2017

7 desejos

"Wish upon", de John R. Leonetti (2017) Dirigido pelo mesmo Cineasta do blockbuster "Annabelle", "7 desejos" pega emprestado os motes de "Hellraiser" (sem os Cenobitas) e de "Premonição" e sacode tudo num mesmo saco sem sal. Vendido como terror, o filme não assusta, e pior, as cenas de morte que deveriam ser fortes, acabam não sendo mostradas. Provavelmente, os produtores, visando um publico maior, evitaram mostrar sangue e violência. E' um filme para adolescentes, mostrando todo aquele universo que já estamos batidos de assistir: bullying, filha deprimida, o garotão da escola, a bitchie da escola, os nerds, etc Claire (Joey King), é uma adolescente atormentada pelo suicídio de sua mãe. Seu pai, Jonathan (Ryan Phillippe, irreconhecível) virou catador de lixo. Um dia, ele encontra uma caixa chinesa e o presenteia a sua filha. Ela descobre, aos poucos, que a caixa garante 7 desejos a quem o possuir. Entre cobiça, vingança e ambição, Claire descobre que os desejos podem se tornar mortais. Queria muito ter gostado do filme, mas a história é fraca, o elenco sem carisma algum ( queria que a protagonista morresse em determinado momento) e os sustos inexistentes. Quanto ao roteiro, ele é tão ridículo que irrita algumas passagens ( a cena da vizinha querendo mexer no triturador de lixo é patética). Porém, nada me deixou mais triste do que testemunhar a derrocada de outrora uma grande promessa de ator, que nos anos 90 se destacou como um ídolo adolescente: Ryan Phillippe. Ele chegou a se casar com Reese Witerspoon, que esperta, se reinventou e saiu dos filmes medianos. Ryan se perdeu no caminho. Torço para que ele também se reinvente.

A reencarnação do sexo

"A reencarnação do sexo", de Luiz Castellini (1982) Raro filme erótico de terror nacional, baseado em um conto do "Decameron", de Bocaccio, "A reencarnação do sexo" é um gore com muito sangue e mutilações bem ao gosto de fãs de filmes B de terror. A diferença aqui é que o filme tem recheio de cenas de sexo, algumas explicitas, mas que não chegam a ser consideradas pornochanchadas por não ter humor. Em uma fazenda, o pai de uma jovem resolve matar o seu empregado, Arthur, que está tendo um caso com a sua filha. Ele enterra o corpo, mas a filha encontra o cadáver, corta a cabeça e o enterra no vaso de plantas da sala. O pai fica louco e é internado em um hospício, e a filha se mata, tornado-se, assim como o seu amado, dois espíritos que vagam na fazenda. Todos os novos inquilinos acabam morrendo de forma trágica daí em diante. Para quem tiver mente aberta, irá se divertir bastante com esse filme, repleto de cenas trash, divertidas, inclusive as cenas de sexo são bem bizarras. Em uma das mortes, uma mulher morre sufocada por um vibrador que ela estava praticando sexo oral. E pensar que os filmes nacionais dos anos 80 eram tão ousados e vanguardas, e hoje em dia, tudo encaretou. Curiosidade: o filme coloca em sua trilha sonora, descaradamente, uma música de Vangelis.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Coração e alma

"Réparer les vivants", de Katell Quillévéré (2016) Puta que o pariu, que filme lindo! Chorei cem litros, o filme é um verdadeiro épico de dramas emocionantes, que remete as filmes de Inarritu que entrecruzam historias, como "21 gramas" e " Amores brutos". Baseado no livro de Maylis De Kerangal, a cineasta Katell Quillévéré fez a adaptação para o cinema e brinda o espectador com performances extraordinárias em um drama arrebatador, que não tem medo de se assumir como dramalhão e o faz com extrema competência. 3 historias são narradas a partir de uma tragédia: 1) O jovem Simon sofre um acidente de carro após surfar com seus amigos. Declarado com morte cerebral, seus pais (Emmanuele Seignier, arrasadora) precisam decidir se doam seus órgãos ou não. 2) Uma mãe divorciada (Anne Dorval, de "Mommy", de Xavier Dolan) e com 2 filhos, tem problema de coração e pode morrer a qualquer momento. Ela resolve se despedir visitando sua ex-companheira, uma pianista. 3) Médicos (entre eles, o pop star Frances Tahar Rahim) de um hospital que socorrem vitimas necessitados de transplantes urgente. O elenco é um verdadeiro caso `a parte nesse filme: sem apelar para pieguices, o trabalho dos atores comove pela forte dramaticidade. Todos, sem exceção, possuem momentos solo de brilhantismo. A cena do jovem casal em seu primeiro amor, quando Simon vai atrás da menina de bicicleta pela cidade, é um primor de romantismo. A trilha sonora é do Mestre Alexandre Desplat, e a fotografia, de Tom Harari, enaltecendo momentos de melancolia e ternura, e captando cenas exuberantes no surf dos meninos. Um filme obrigatório para quem gosta de um bom drama, se comover, chorar e testemunhar atores dando o melhor de si.

Looping

"Looping", de Leonie Krippendorff (2016) Denso drama sobre a depressão feminina, que renderia um excelente espetáculo teatral. Escrito e dirigido pela alemã Leonie Krippendorff, acompanhamos 3 historias de 3 mulheres que passam pela depressão e se internam numa clinica psiquiátrica. Lá, elas se descobrem, se amam e se completam. Leslie tem 19 anos e é lésbica. Após uma frustração amorosa com sua amiga a quem ela julgava que a amava, Leslie enche a cara e acaba sendo estuprada por um motorista. Frenje é mãe, tem uma filha pequena e um marido atrapalhado. Ela dedica sua vida ao altruísmo, fazendo o bem para todos, e não consegue se amar a si própria. Ann, a mais velha, tem um quadro de depressão desde criança e tendências suicidas. O filme é belíssimo, com atuações poderosas das 3 atrizes e fotografia melancólica. Fico imaginando o estrago que Bergman não faria com esse material. Mas atenção: é um filme forte, que deixa o espectador com o coração apertado. Muito sofrimento, bem ao gosto dos europeus. Como peca teatral, será um presente para 3 atrizes de gerações diferentes. Para quem aprecia um filme adulto.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Love Film Festival

"Love film festival", de Manuela Dias, Vinicius Coimbra, Bruno Safadi e Juancho Cardona (2014) Há quanto você tempo não assiste a um romance brasileiro? Sim, que fale sobre casais apaixonados, entre vais e vens durante anos, algo meio a trilogia de Richard Linklater, "Antes do amanhecer"? Com direção geral de Manuela Dias e linda fotografia de Pablo Baião, "Love Film Festival" acompanha uma história de amor pelo período de 6 anos, entre-cruzado por 4 Festivais de Cinema em 4 países diferentes: Portugal, Brasil, Colombia e Estados Unidos. Realizado com baixo orçamento, o filme encanta pelo maravilhoso trabalho de todo o elenco: Leandra Leal, o colombiano Manolo Cardona, Du Moscovis, Nanda Costa, Natalia Lage. Luiza (Leandra Leal) é uma roteirista e diretora brasileira que está em 2009 no Festival de Lisboa. Léa , ela conhece o Ator e futuro diretor Adrian (Cardona). Eles se apaixonam. O Festival acaba, e eles irão se reencontrar durante anos em Festivais diferentes, ambos competindo em prêmios e no amor. De relacionamento aberto, eles namoram outras pessoas, mas o reencontro sempre é paixão avassaladora. Até que surge Camila (Nanda Costa), melhor amiga de Luiza, e tudo muda de figura. O filme tem momentos de atuação maravilhosos, mas o grande destaque é a cena em plano-sequencia de Leandra e Du Moscovis, brilhante na performance e na marcação de cena. O filme faz apaixonar, pois o casal é bastante carismático. Confesso que eu adoraria que o filme terminasse em determinada cena, uns 15 minutos antes do final. Mas talvez porque eu tenha uma visão de mundo mais assim...européia. O filme aliás, presta homenagem a Nouvelle Vague de Godard e de Agnes Varda nos trechos que costuram os Festivais.

O futuro perfeito

"El futuro perfecto", de Nele Wohlatz. Filho direto do método de Bresson, que valoriza o texto em detrimento da atuação e da emoção do ator (e no caso mais explicito, assim como Bresson, aqui todos são não-atores, em tom naturalista), " O futuro perfeito" é um correlato de "Encontros e desencontros" de Sofia Coppola. Como um estrangeiro, que não fala a língua de um Pais, consegue enxergar e se adaptar a uma cultura totalmente diferente da sua? Com essa questão, a cineasta e roteirista alemã Nele Wohlatz se apropria da história de sua protagonista, Zhang Xiaobin, no papel de "Beatriz/Sabrina", e conta a historia de uma jovem chinesa recém chegada em Buenos Aires e tendo que se adaptar ao local para poder trabalhar e pagar os custos familiares. Enquanto isso, ela estuda espanhol em uma classe de chineses, e acaba se apaixonando por um indiano, contrário as tradições culturais chineses, que a obriga a se casar com um chinês. Um filme que mistura humor por conta do olhar patético da vida de pessoas simples, e que se apropria do olhar singelo e puro de seus personagens, comovendo e fazendo rir. Com excelente direção de cena e dos "atores", (espectadores comuns podem estranhar a atuação), o filme contem cenas antológicas, como a aula de como chorar, e as próprias aulas de espanhol. Imperdível. O filme ganhou inúmeros prêmios internacionais, entre eles, o de primeiro filme em Locarno.

Perdidos em Paris

"Paris pied nous", de Dominique Abel e Fiona Gordon (2016) Dos mesmos realizadores dos divertidos "Rumba" e "Fada", "Perdidos em Paris" é mais uma fantasia lúdica que emula grandes mestres do humor físico, como Jacques Tati, Chaplin, Buster Keaton. Dessa vez, os Diretores/Atores interpretam Fiona e Dom. Ela, canadense, vai até Paris em busca de sua tia Martha (Emanuelle Riva, em última aparição nas telas), de 88 anos e já com problemas senis. Martha desapareceu, e Fiona faz de tudo para encontrá-la. O problema é que Fiona perde seu celular, mochila, roupas, passaporte e dinheiro. No caminho das duas, surge Dom, um sem-teto que encontra os objetos perdidos de Fiona e se apaixona por ela, mas sem saber que ela é sobrinha de Martha, que surgiu também em seu caminho. Como se vê, é um vaudeville de comédia de erros. Esse tipo de humor fisico e caricato da dupla tem seus fãs, mas também seus detratores, que nao suportam esse tipo de humor. Se vocês já viram a alguns dos filmes citados e curtiram, assista caso contrario, veja outro filme, pois além de tudo, esse é o mais fraco da trilogia. Vale mesmo por Emanuelle Riva e pelas locações lindas em Paris.

domingo, 16 de julho de 2017

O último homem hetero

"The last straight man", de Mark Bessenger (2014) Romance lgbts, que acontece todo em um quarto, durante o período de 12 anos. O filme lembra bastante o recente drama "O passe", baseado em uma peça de teatro, sobre 2 jogadores de futebol que transam numa noite e passam 10 anos se encontrando. Assim como "O passe", "O último homem hetero" [poderia render uma ótima peca teatral. Cooper (Scott Cell) passa a sua última noite de solteiro com amigos homens e contratam uma prostituta. Ao longo da noite, os amigos vão embora e apenas Lewis (Mark Cirillo) permanece. entre uma dose de bebida e confissões típicas de adolescentes, os 2 melhores amigos acabam transando. Cooper, no entanto, se declara hetero, para tristeza de Lewis. Mas eles fazem um acordo. Todo ano, naquele mesmo dia, e no mesmo quarto, eles irao se encontrar para se amarem.Durante esse periodo, Cooper vai cedendo aos encantos de Lewis (beijar na boca, sexo anal), mas tudo indica que a relação terminará mal, pois Cooper se sente mal traindo sua esposa e filho. Todo mundo com certeza irá se lembrar de "Brokeback mountain", e não é para menos: a história realmente é muito semelhante, só que acontece nos dias de hoje. Os 2 atores estao bem, e os diálogos são bem escritos, variando entre momentos de humor e de drama. O filme tem quase 2 horas de duracao, com 20 minutos a menos o filme ficaria muito mais interessante. As cenas de sexo são bem filmadas, sem vulgaridade, e o filme aposta em ousadia nas cenas de nudez. O desfecho que ficou um pouco a desejar. Rodado em baixíssimo orçamento, o filme circulou em vários Festivais do gênero, ganhando alguns prêmios.

Em ritmo de fuga

"Baby drive", de Edgar Wright (2017) Todo ano, um filme se torna cult. 2017 com certeza é o ano de "Baby driver", dirigido pelo inglês Edgar Wright, de "Shaun of the dead' e " Scott Pilgrimm", igualmente pop e cults. "Em ritmo de fuga" chupa referencias cinéfilas de todos aqueles filmes e diretores bacanas que a gente curte: Nicolas Winding Refn ( e seu mitológico "Drive"), Guy Ritchie, Dannie Boyle, Tarantino e claro, trazendo no visual muito neon e cores fortes, que lembram os anos 80, super em moda hoje em dia. Ansel Elgort, no papel de Baby, está tão cool como Ryan Gosling em "Drive", sempre andando com sua jaquetinha bicolor e seu fone de ouvido. Ele é um motorista contratado pelo bandidão Doc (Kevin Spacey), que contrata marcenários para fazerem assaltos em bancos e afins. Entre os capangas, estão Buddy (Joe Hamm), Bats (Jamie Foxx), Eddie (Flea, baterista do Red Hot Chilly Peppers) e a bandidona mor Darling (Eiza González). No meio disso tudo, Baby se apaixona pela garçonete Debora (Lily James). Prefiro pensar que o filme é uma homenagem explicita a "Drive", pois os protagonistas, Ryan Gosling e Carey Mullighan, também eram motorista e garçonete, e tudo girava por carros, assaltos e neons. As cenas de ação são muito bem dirigidas, e do meio pro fim o filme ganha mais ritmo. Não sei se achei o filme longo, pois a primeira parte achei arrastada, mas no geral é um filme muito bacana, hiper descolado, com uma trilha sonora incrível. A montagem é muito criativa, repleta de Match cuts, e a fotografia homenageia os cinemas de ação dos anos 80. Elenco de primeiríssima, e com certeza, a carreira de Ansel Elgort agora vai ser de primeiro escalão.

sábado, 15 de julho de 2017

Jonas e o circo sem lona

"Jonas e o circo sem lona", de Paula Gomes (2016) Documentário que faz parte do projeto da Vitrine Filmes e da Petrobrás, levando filmes autorais para as salas de cinema com preços reduzidos, é um delicado estudo sobre a evasão escolar e sobre sonhos de criança que morrem antes do tempo. Jonas é um menino que mora no Subúrbio de Salvador. Sua família, que mora longe de sua cidade, trabalha em um circo, e ele sonha também trabalhar ali. Mas a sua mãe o proíbe, e quer que ele estude, deixando o sonho de trabalhar em um circo para um futuro. Para satisfazer o seu desejo, Jonas monta um circo improvisado nos fundos do quintal de sua casa, com a ajuda de amigos. Realizado com muita simplicidade, o filme se apoia no carisma do menino Jonas e a sua historia acaba se tornando símbolo de muitas crianças que não conseguem levar seus sonhos adiante por falta de recursos. As cenas improvisadas que ele e seus amigos "atuam" como sendo artistas de circo são bem divertidas e lúdicas. O filme aproveita para discutir também o quanto que uma câmera interfere no conteúdo que esta sendo filmado. Segundo a diretora da escola que Jonas estuda, ela diz que quando o menino esta na frente da câmera age como sendo aluno exemplar, mas quando a equipe de filmagem vai embora, ele some e não frequenta a aula.

Teste

"Test", de Chris Mason Johnson (2013) Sao Francisco, 1985. No auge da epidemia da Aids, surge oficialmente o teste do Hiv. Os pacientes coletam sangue e o resultado do exame leva 2 semanas. Nesse clima de total paranóia com a doença e a morte, vive o personagem Frankie. Jovem dançarino, ele faz parte de um grupo de dança. As mulheres temem dançar com os homens, pois acham que o suor transmite a doença. Em todos os lugares, existe um terrível temor sobre formas de contaminação. Quando os personagens falam das campanhas do governo sobre a obrigatoriedade do uso da camisinha no ato sexual, todos comentam que nunca usaram e nem sabem usar. Essa produção independente ganhou prêmios em Festivais, e tem um tom didático tanto nos números de dança, em registro quase documental, quanto na panfletagem sobre o Hiv e a sua prevenção. Um belo drama, com boas interpretações e boa reconstituição de época. A trilha sonora tem grandes clássicos disco dos anos 80.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

O homem mau dorme bem

"O homem mau dorme bem", de Geraldo Moraes (2009) Desde que foi lançado no Festival de Brasilia em 2009, eu esperava para assistir a esse filme. Só consegui agora, quando passou no Canal Brasil. Pegando emprestado o titulo de um clássico de Kurosawa, a história gira em torno de um Posto de gasolina perdido no meio de uma estrada de terra em Cuiabá. E' lá que as 3 histórias irão se entrecruzar. Wesley (Bruno Torres) é um vendedor de dvds e cds piratas, lutando para sobreviver. Maltratado pelo seu patrão, ele acaba sendo deixado no Posto de gasolina. Ele acaba se afeiçoando por Raquel (Mariana Nunes), funcionária do Posto, cuja dona, Rita (Simone Iliescu), teve uma história de amor trágica com um palhaço de circo (Luiz Carlos Vasconcellos). Uma mistura de gêneros drama e policial, o que prevalece mesmo é o romance, o pilar de todas as histórias. Sem medo de assumir o amor como forca motriz de seu filme, o Cineasta Geraldo Moraes abraça o brega nas canções que surgem ao longo do filme e faz um lindo passeio por um Brasil ainda pouco conhecido no cinema brasileiro. Os atores estão excelente (Bruno Torres e Mariana Nunes foram premiados em Brasilia e no Festival de Pernambuco) e ainda conta com participações especiais de Antonio Petrin e Everaldo Pontes, 2 monstros da atuação. Um filme que vale ser visto pela sua singeleza e humanidade. Bela fotografia de André Lavenere e trilha sonora de Andre Moraes.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O Amor em tempos de guerra civil

"L'Amour au temps de la guerre civile", de Rodrigue Jean (2014) O universo dos garotos de programa viciados em Crack, heroína e Lsd em Montreal, é revelado com extrema frieza pelo cineasta franco-canadensa Rodrigue Jean, que se baseou nos depoimentos colhidos em seu ótimo documentário "Men for sale". O filme, de 2 horas, tem cenas de sexo, uso de drogas e prostituição o tempo todo, se forma repetitiva. E é essa roda viva monótona e rotineira da vida de seus protagonistas que Rodrigue Jean quer que seu espectador compartilhe. Vidas vazias de alma, espirito de solidariedade e compaixão. O estilo narrativo lembra bastante os irmãos Dardenne: câmera na mão, seguindo o seu protagonista o tempo todo, em planos longos e olhar documental. Acompanhamos Alex ( o excelente Alexandre Landy, já visto em "Gabrielle", onde ele interpreta um portador de síndrome de down que namora outra portadora), um viciado que namora Bruno. Ambos se prostituem para poder bancar o só de drogas pesadas. Alex se envolve com outros traficantes e usuários, que também se prostituem em ruas ou boites. Nessa vida alucinada, o que eles podem esperar é apenas o dia de suas mortes. Bem dirigido e interpretado de forma naturalista, o filme incomoda com o seu olhar cruel com os seus personagens. Jean não tem o mínimo sentimento por eles. Sao apresentadas as preparações de vários tipos de drogas, e portando, o filme é rigorosamente proibido para menores de idade. Para quem amou "Eu, Christiane F", "Kids" e "Os viciados", com Al Pacino, esse filme é uma sobremesa requintada. E mais: somente o cinema para apresentar usuários de Crack mais lindos que qualquer agencia de modelos do mundo. Detalhe: Amei o titulo do filme.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Baskin

"Baskin", de Can Evrenol e Ogulcan Eren Akay (2013) Super premiado curta de terror turco, que em 2015 foi adaptado para uma versão de longa-metragem. O filme é uma homenagem ao cinema de terror dos anos 80. Todas as referencias estão aí, incluindo trilha sonora. Muito sangue, vísceras, gore total e incluindo os canibais de Canibal Holocausto. 4 policiais são chamados para um pedido de socorro em uma região inóspita. Chegando lá, eles entram em um prédio abandonado e descobrem que ali, existe uma seita de ritual satânico. Muito bem dirigido, o filme tem ótimo clima de Filme B, e por isso, não agradará a todos os fãs de terror. Somente para espectadores de estômago forte. Não assistam se forem sensíveis. https://vimeo.com/75031229

Baskin

"Baskin", de Can Evrenol (2015) Adaptação para longa de um curta de mesmo nome e diretor, premiado em vários Festivais de Filmes de terror. Imaginem misturar no mesmo filme, referencias cinéfilas a tudo aquilo que você ama em um Filme B: Hellraiser, A hora do pesadelo, Apocalipse Now, Lucio Fulcci, Mario Bava, Canibal Holocausto, Dario Argento, e até mesmo, Nicholas Winding Refn e o seu filme "Até Deus perdoa". Pois foi em todos esses filmes que o cineasta estreante em longas Can Evrenol foi buscar caldo pro seu caldeirão. Sem economizar em sangue e tripas, e dando altas doses de mistério e bruxarias, naquele tom onírico e surreal de Argento, que acompanhamos a jornada noite adentro de um grupo de policiais machistas, que são chamados para resolver um pedido de socorro em uma mansão abandonada dentro de uma floresta sinistra. Chegando lá, eles se deparam com um aterrorizante grupo de ritual satânico canibal. O filme é dividido em 3 atos, e sem duvida, a parte final é daquelas que a gente simplesmente fica apaixonado pelo teor macabro e grotesco. Fazia tempos eu não via tanto sangue jorrado em cena. O Ator Mehmet Cerrahoglu, estreando em filmes, interpreta uma espécie de Mestre de cerimonias do culto, um Zé do Caixão turco. A sua figura sinistra se deve a uma doença que o ator possui, que o deixa sem pelos no corpo e o rosto deformado. Imperdível para fãs de terror que cultuam os anos 80, com a maravilhosa trilha sonora de sintetizadores e cores fortes. Clássico.

terça-feira, 11 de julho de 2017

"Homem aranha, de volta ao lar"

"Spider man- Homecoming", de Jon Watts (2017) 4 pontos antes de comentar sobre o filme: 1) Tobey Maguire ainda é o melhor Homem Aranha para mim, apesar de Tom Holland ter o physic de role mais apropriado 2) Michael Keaton se tornou um dos atores mais brilhantes da América. Somente a cena que acontece dentro do carro, onde através de seu olhar, percebemos a sua transformação, já valeria um prêmio 3) O cineasta Jon Watts tem em seu currículo apenas filmes medianos, e o único que assisti, foi o terror B "The clown", sobre um pai que veste uma fantasia de palhaço e se torna um assassino. Achei fantástico os produtores terem convidado ele para dirigir esse divertido filme que inaugura a trilogia de Spider Man 4) A trama me lembrou muito ao filme do Homem Aranha com Tobey Maguire em conflito com o dilema de Duende Verde e seu filho, vivido por James Franco. Olha o plágio hahaa Dito tudo isso, digo que o filme é um grande pipoca delicioso, muito em função do elenco, soberbo ( destaque para o amigo Nerd tailandês, Ned) e para inúmeras gags hilárias, como as aparições do Capitão América, sempre dando sermão na galera. Tom Holland é um jovem ator que começou cedo na carreira, e fisicamente me lembra muito Anton Yelchin, que faleceu recentemente. Sua maravilhosa carreira com certeza vai explodir agora, merecidamente. Já no inicio do filme, exultei com o remix da música original do Spider Man da televisão. Esse filme investe bastante na comedia e na galhofa, lembrando em vearios momentos da anarquia de "Deadpool".

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Into the lion's den

"Into the Lion's dent", de Dan Lantz (2011) Eu estava esperando a hora de assistir a um filme Lgbts que fosse um torture porn tipo "O albergue". Daí surge esse "Into the Lion's dent", que promete sangue, violência e muito sexo gay. No quesito sexo gay, até tem cenas bastante ousadas, de sexo oral, penis ereto, etc. Mas na violencia..hum..vai ficar devendo e muito... 3 amigos gays resolvem passar um fim de emana em Nova York. eles saem de Los Angeles de carro. MIkey ( o bonitao, portador de Hiv), Jonnhy ( o pegador, que só quer saber de sexo) e Teddy ( a pintosa do grupo). No caminho, resolvem parar em uma cidadezinha para pernoitar. Jonnhy sugere dos amigos beberem num lugar chamado "Lion's den". Chegando ali, os amigos descobrem que na verdade, Jonny marcou um encontro por aplicativo de pegação com um desconhecido. Após uma noite de bebedeiras, descobrimos o que é o Lion's dent: o casal de donos caçam gays para que o marido os estupre e a espoas aos torture. O filme foi realizado com pouca grana, e isso é bastante visível na qualidade técnica do filme, que é péssima. O filme, que era para ser um trillher de suspense, acaba virando uma comedia involuntária, graças ao pavoroso roteiro, atuações fracas e efeitos de violência toscos. Para quem quer rir bastante com defeitos de produção, e curte ser um espectador voyeur, pode ser que esse filme valha a pena.

O último dos loucos

"le dernier des fou”, de  Laurent Achard (2006) Vencedor de 2 prêmios no prestigiado Festival de Locarno, de onde saiu com os prêmios do Júri ecumênico e de melhor direção. “O último dos loucos” é baseado em um livro do canadense Timothy Findley. Para os brasileiros, o filme terá um gosto bastante local: impossível não se lembrar de “Álbum de família”, de Nelson Rodrigues. O Filme narra a tragédia intimista de uma família disfuncional, que mora em uma fazenda no interior da França. Todo o filme é visto pelo ponto de vista do pequeno Martin ( o excelente Julien Cochelin), um menino de 10 anos de idade, ainda sem entender todas as loucuras que acontecem naquela casa. Sua mãe teve uma crise nervosa e se trancou no quarto, e se recusa a ver qualquer integrante da família. A única que pode visitá-la é a empregada marroquina Malika. O pai de Martin é totalmente passivo, ficando sob as rédeas fortes de sua sogra, uma mulher perversa e conservadora. O irmão mais velho de Martin é um homossexual enrustido, e por conta disso, se torna uma pessoa amarga e de tendências suicidas. A única que entende Martin é Malika, uma senhora marroquina que traz referencias da empregada em “Gritos e sussurros”, a única que traz humanidade em uma família de figuras desprezíveis. O filme é bem lento, e é definitivamente um filme para cinéfilos. O cineasta Laurent Achard não faz concessões narrativas para seduzir o grande público. O filme é cru, seco, quase sem trilha sonora.

Em suas mãos

"I dine hænder ", de Samanou Acheche Sahlstrøm (2015) Sensível e comovente drama dinamarquês, que lida com o tema da eutanásia. Escrito e dirigido por Samanou Acheche Sahlstrøm, o filme lembra bastante 2 filmes recentes: “Como eu era antes de você”, com Emilia Clarke, e “La vanité”, com Carmen Maura. Curioso que nesses 3 filmes, são as mulheres que conduzem o filme, permitindo que um homem cometa suicídio na Suíça, onde a eutanásia é permitida. Maria, uma jovem e bela enfermeira de 35 anos, trabalha em um hospital de pacientes terminais. Ela acaba se envolvendo emocionalmente com o paciente Niels, também jovem, mas portador há 5 anos de uma rara doença que vai parando os seus movimentos. Niels quer ir para a Suíça, Pais onde a eutanásia é autorizada, mas sua mãe não deixa, até que ele tenta se matar no hospital. Após esse incidente, a mãe de Niels permite que a enfermeira Maria o leve ele até a Suíça. Maria também é depressiva, e essa aproximação com a historia de Niels irá mexer bastante com o seu emocional. Belamente dirigido, com excelente performance dos 2 atores rpincipais, “Em suas mãos” não é um filme para qualquer espectador. A narrativa é lenta, e o tema bastante pesado. O filme fala sobre personagens decididos a se matar devido a um estágio avançado de depressão, e mal visto, o filme pode influenciar bastante, principalmente na parte final. De qualquer forma, é muito bonito visualmente e com uma trilha sonora de rasgar corações.

domingo, 9 de julho de 2017

Traga-me alecrim

"Go get some Rosemary", de Ben Safdie e Joshua Safdie (2009) Eu sou um grande entusiasta do movimento cinematografico "Mumblecore". Explico: é um movimento que surgiu no cinema independente americano, realizado com baixissimo orçamento e com equipe reduzida. Normalmente o elenco é composto por atores desconhecidos ou não atores, as histórias giram e pequenos dramas do cotidiano da grande cidade e as interpretações sao naturalistas, a gente fica com a sensação de estar vendo um documentário, uma câmera escondida acompanhando a rotina dos personagens. Todos os cineastas do movimento são apaixonados pelo cinema do Papa John Cassavetes. Lenny ( o cineasta Ronald Bronstein, estreando como ator) é um pai divorciado de 34 anos, totalmente irresponsável, morador de Nova York. Nem todo mundo pode ser pai, e Lenny definitivamente não nasceu com esse dom. Ele tem síndrome de Peter Pan e age como uma criança. Mas ele é apaixonado pelos seus 2 filhos pequenos, Sage e Frey. Lenny mora sozinho e trabalha como projecionista em um cinema de arte. Ele consegue a guarda das crianças por um período de 2 semanas, e as leva para todos os lugares de sua rotina, uma vez que nao tem com quem deixa-las. Lanny não deixa a sua vida mundana de lado: caça garotas de noite dorme na casa delas e deixa seus filhos sozinhos em casa. Seus amigos, vagabundos, viciados, garotas solitárias frequentam a sua casa e convivem com as crianças. No auge do desespero, Lenny quase mata as crianças em uma situação criminosa. e mesmo assim, ele não quer deixar de ter a guarda dos filhos. Os cineastas e roteiristas Ben Safdie e Joshua Safdie se inspiraram na história do pai deles para escrever o roteiro. Bem dirigido, o filme tem um ritmo lento, e provavelmente, não agradará a boa parte dos espectadores, que acharão que pouco acontece no filme. Eu gostei bastante e fiquei surpreso com a qualidade de improvisação do elenco, incluindo as ótimas crianças. O filme fez bela carreira em Festivais: foi exibido em Cannes na Mostra Quinzena dos realizadores, em 2009, e em Sundance no ano de 2010.

sábado, 8 de julho de 2017

Rei Arthur: A lenda da espada

"King Arthur- The legend of the sword", de Guy Ritchie (2017) Que Guy Ritchie sabe dirigir filmes de ação, isso ninguém tem dúvida, basta avaliar a franquia "Sherlock Holmes", de onde saiu inclusive Jude Law, aqui interpretando cruel Rei Vortigem. Mas o que poderia ter dado errado nesse filme, que inclusive em seu final, aponta para uma possível, mas pelo visto morta ( foi um dos maiores fracassos da recente história de Hollywood) , possibilidade de continuação? Acredito que a síndrome de "Quero ser Game of thrones" possa ser um fator que tenha afundado o filme. Tudo nele tem um que do famoso e celebrizado seriado da Hbo. O mesmo universo, praticamente a mesma caracterização e figurinos, e para piorar, escalaram o ator Aidan Gillen, o Mindinho de GPT, para um dos importantes papeis centrais. Impossível não achar que estamos assistindo ao seriado, porém, piorado. O filme não tem carisma, não tem alma, os personagens não conquistam a simpatia do espectador. Tudo meio mecânico, meio a toque de caixa. Os efeitos são bem fracos, as coreografias de ação não chamam atenção, e as câmeras lentas famosas de Guy Ritchie já ficaram com sensação de Deja Vu. E para atrair um público mais juvenil, o filme evita mostrar violência, quase nem há sangue, pode passar direto no sessão da tarde sem cortes. Ver aqueles enormes elefantes no filme, que é repleto de magia, é muito estranho, mas de novo, como ele quer se aproximar do universo fantástico de GOT, ficou parecendo que estamos assistindo a um outro filme, mas não a Rei Arthur. O filme "Excalibur", de John Boorman, realizado em 1981 e que conta a mesma história da formação dos Cavaleiros da Távola Redonda, é muito mais instigante do que esse aqui, que tem elementos narrativos que lembram "Ben Hur". Charlie Hunnan, que está excelente em "Z, a Cidade perdida", aqui posa de brucutu, até dá conta, mas não tem carisma para tal. Jude Law faz cara de mal e até diverte, mas com certeza o tilintar do dinheiro em sua conta bancaria falou mais alto. De qualquer forma, não é um filme ruim. Dá para assistir como passatempo, porém, sem qualquer tipo de expectativas. Como manda o figurino dos pipocas, pode fazer a alegria da molecada. Mas quem quer um pouco mais de novidade, vai ficar devendo.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A constituição

“Ustav Republike Hrvatske”,de Rajko Grlic (2016) Comovente drama Croata com tintas de humor finíssimo. O filme fala sobre aceitação e preconceito em 2 temas distintos: Um professor de uma escola, Vjeko, de noite se veste de mulher e sai nas ruas como Katarina, assumindo asua homossexualidade. Ele mora sozinho em casa com seu pai, um senhor idoso já demente, ex-coronel do exercito Croata. O companheiro de Vjeko, Bobo, um músico, se suicidou anos atrás após lutar contra um câncer. Solitário, Vjeko aceita a ajuda de uma vizinha, Maja, que é enfermeira, após Vjeko sofrer um atentado homofóbico e impedido de cuidar de seu pai. Maja e Vjeko tornam-se confidentes. O problema é que o marido de Maja, Ante, é um policial sérvio, e aí o preconceito entre Croatas e sérvios vem `a tona. Com ótima performance do trio principal de atores, “A constituição” é um raro exemplar de filme croata a chegar aqui no Brasil. Trata com bastante dignidade o tema do homossexualismo, e também, aproveita para falar sobre o envelhecimento. A direção, bastante delicada ainda brinca com alguns sub-plots, como a do idoso que envenena cães nas ruas.

Dentro da floresta

“Dans la foret”, de Gilles Marchand (2016) O Cineasta e roteirista Gilles Marchand e seu companheiro roteirista escreveram alguns dos filmes mais estranhos da filmografia francesa: “Lemming”, “Harry, o amigo que veio para ficar”, “ Más noticias para o Sr Mars, entre outros. Em comum, o fato dos filmes terem uma bizarra mistura de filmes de terror, suspense psicológico e drama, muitas vezes com desfecho totalmente em aberto. Aqui em “Dentro da floresta”, isso não é diferente. Jeremie Alkain, ator de “A guerra está declarada”, e “Marguerite e Julien”, interpreta um pai sem nome. Ele mora na Suécia, e seus 2 filhos pequenos moram com a ex-esposa em Paris. Durante as férias das crianças, o pai consegue a guarda delas e elas viajam ara a Suécia. Para a surpresa delas, o pai resolve levá-las para uma densa e inóspita floresta para passar dias ali. Numa noite, o irmão mais velho, Benjamin, diz ao irmão menor que o homem que eles acreditam ser o pai, na verdade é o diabo. Tom, o pequeno, acredita e passa a desconfiar dos atos do pai, e começa a ter visões. E’ muito clara a influencia de 3 filmes de terror aqui: “ O iluminado”, “ Boa noite mamãe” e “ A bruxa”. O menino que interpreta Tom é igualzinho ao Danny de “O iluminado, assim como Jeremie Alkain está totalmente incorporado da persona de Jack Nicholson. Um filme dirigido com bastante segurança, Gilles Marchand sabe dar clima e atmosfera, e tirar proveito dos atores, principalmente dos pequenos. A trilha sonora provoca calafrios. Pena que o desfecho seja tao absurdamente fora do tom.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O relógio

"El reloj", de Marco Berger (2008) O Cineasta argentino Marco Berger é o maior nome da filmografia Lgbts em seu País. Seus filmes participam de Festivais no mundo todo, e já ganhou diversos prêmios. "O relógio" é o seu primeiro curta, datado de 2008. E já traz o seu tema predileto: a tensão sexual criada entre 2 homens heteros, que se encontram em uma situação inusitada, onde desejos reprimidos acabam não florescendo. Javier e Pablo se encontram em um ponto de ônibus, querendo ir para casa, após um treino de futebol. Javier lhe pergunta as horas, Pablo diz que está quebrado. Ele aproveita e o convida a ir até a sua casa. Sem relutar. Javier aceita. Chegando lá, ele o convida para se deitar em sua cama, sem qualquer tipo de segundas intenções. E ele aceita. A partir daí, o filme se desenvolve de forma divertida e comovente, e tenho certeza, todo mundo já passou por uma situação parecida, mesmo sendo hetero ou gay. A direção de Berger é precisa, refinada nos olhares que provocam desejos insuspeitos. Os 3 atores são ótimos ( um deles é o primo de Pablo que está em sua casa). Berger não economiza na sensualidade e no homoerotismo.

Soundtrack

"Soundtrack", de Manitou Felipe e Bernardo Dutra (2017) "Soundtrack" é um Tour de Force em todos os níveis: Direção ( da dupla 300ml Manitou Felipe e Bernardo Dutra), Fotografia (Irrepreensível, de Felipe Reinheimer), da Direção de Arte de Tulé Peak ( o mesmo de "O ensaio da cegueira", de Fernando Meirelles), Efeitos especiais brutalmente de altíssimo nível ( o filme foi todo rodado em estúdio), de Produção e para coroar, de um elenco masculino salivando de brilhantismo. Selton Mello, também produtor, Seu Jorge, Ralph Ineson (extraordinário, e só depois pesquisando vi que foi o ator que interpretou o pai da menina enfeitiçada de "A bruxa", produzido por Rodrigo Teixeira) e em papéis menores, Lukas Loughran e Lucas Chaanhing. Confesso que fui assistir ao filme sem saber muito da história, e o tempo todo achei que iria ver um filme de terror tipo "O enigma do outro mundo". Mas não é nada disso. O filme, escrito pelos diretores, é um drama intimista, quer dizer, existencialista, sobre um fotógrafo, Cris (Mello), que vai parar em uma estação na Antártida, para produzir fotos suas envolvendo trilha sonora, para futuramente abrir uma exposição. Chamadas de "Selfies" pelos colegas da estação, que desdenham de seu trabalho, Cris vai absorvendo a animosidade do grupo, e o ambiente silencioso e vazio da região vai trazendo antigos fantasmas para a sua vida. A qualidade técnica do filme é algo inédito aqui no Brasil, em se tratando de uma produção brasileira. O filme não é para qualquer público, é um projeto mais conceitual, que se bem absorvido e interpretado pelos espectadores, pode vir a ser uma grande surpresa. Para quem vive reclamando que o Cinema nacional só encomenda comedias e filmes favela movie, "Soundtrack" é uma bela oportunidade de descobrir que aqui sim, se faz variedade para todos os públicos.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Nas florestas da Sibéria

"Dans les forêts de Sibérie", de Safy Nebbou (2016) Imperdível para quem é apaixonado pela obra-prima de Sean Penn, "Na natureza selvagem". Adaptação cinematográfica do livro de Sylvain Tesson, um Diretor de documentário francês, que abandonou toda a vida na civilização e resolveu ir morar sozinho na região gelada da Sibéria por um período de 6 meses, em 2001. Sylvain Tesson estava querendo buscar um sentido para a sua vida, e a vida estressante da grande cidade o estava matando. O cineasta argelino Safy Nebbou, um entusiasta do livro, o procurou e pediu para realizar essa versão para o cinema, convidando o ator francês Raphaël Personnaz para personificar Sylvain nas telas. A fotografia e a locação na Sibéria são assombrosamente lindas, e só de ver as imagens já senti um frio absurdo. Fora isso, fiquei tentando imaginar como teria sido a filmagem com uma equipe reduzida, em situação extrema de frio.O filme é dividido em 2 partes: a primeira, quando Teddy (Alter ego de Sylvain) procura se habituar ao dia a dia solitário e gelado da Sibéria ( com uma hilária cena dele nadando pelado e sendo caçado por um urso) e a 2a parte, mostrando a sua convivência com o russo Aleksei, um procurado pela justiça que se refugiou nas montanhas e acabou salvando Teddy de morrer em uma nevasca. E' justamente nessa parte que o filme se aproxima do sue lado maus humano e comovente, e no final, fica difícil segurar umas lágrimas. Para apaixonados por filmes que falam sobre amor `a natureza, e para quem quer buscar um significado para as pequenas cosias da vida. Excelente performance dos 2 atores. ( o filme lembra também o recente drama de Juliette Binoche, "Ninguém deseja a noite", quando ela também precisa aprender a resolver as suas diferenças culturais com uma esquimó, presas numa nevasca).

A garota com todos os dons

"The girl with all the gifts", Colm McCarthy (2016) Quem em sã consciência poderia imaginar que um dia, Glenn Close protagonizaria um filme de zumbis? E mais: um ótimo filme de zumbis, coisa rara nos dias de hoje, uma vez que o tema ficou saturado por conta do seriado "The walking dead", que praticamente afundou qualquer produção cinematográfica voltada ao tema dos mortos vivos. Adaptação do best seller escrito por Mike Carey, o filme teve o roteiro escrito pelo próprio novelista. Dirigido pelo escocês Colm Maccarthy, que veio da televisão após dirigir episódios de "Sherlock" e "Dr Who", o filme se passa em Londres pEos apocalipse. O mundo foi tomado por uma espécie de fungo, que ao ser respirado pelo ser humano, o transforma em zumbis. Em uma base militar, crianças infectadas mas que não se transformaram em zumbis são usados como experimentos pela Dra Caroline (Glenn Close), que quer descobrir a cura para a doença. A médica Helen (Gemma Arteton) é radicalmente contra o método da Dra. A base militar acaba sendo invadida pelos zumbis e os sobreviventes, entre eles o Sargento Parks (o excelente ator inglês Paddy Considine) e a menina Melanie ( a impressionante Sennia Nanua), querem descobrir o paradeiro de uma base militar ainda remanescente. O filme é repleto de referencias cinematográficas, entre elas, "Mad Max The fury road" e "Extermínio". Com uma direção eficiente, e muita adrenalina, o filme tem o suporte de um elenco de atores ingleses de primeiro time. Os efeitos são convincentes para um filme de produção media. Tem uma cena logo no inicio de um ataque de zumbis em um laboratório que é antológica. O desfecho do filme vai deixar muita gente puta ou desnorteada. Mas enfim, em tempos de crise globalizada, não se pode esperar um outro final.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Freistatt

"Freistatt", de Marc Brummund (2015) Baseado em fatos reais, esse filme alemão narra a historia de Wolfgang, um menino de 14 anos que no ano de 1968, foi enviado pelo seu padrasto para uma instituição educacional dito pedagógica, para reeducar menores de idade infratores. O que se vê no entanto, são situações de bullying, violência e abuso contra os menores, maltratados pelos funcionários do local. O filme também toca no delicado tema do incesto: Wolfgang é apaixonado por sua mãe, e constantemente, tem sonhos eróticos com ela. O diretor Marc Brummund e o roteirista não economizam em cenas de sadismo e violência, por conta disso, o filme não é recomendado para qualquer espectador. As cenas são brutais e podem chocar pessoas sensíveis. Inclusive tem uma cena onde um menino é enterrado vivo. O jovem ator Louis Hofmann, que vive o protagonista Wolfgang, tem se tornado um astro em seu País. O seu trabalho aqui no filme é excelente. Recentemente, ele protagonizou o filme com tema Lgbt "Centro do meu mundo" e o filme de guerra "Terra de minas", indicado ao Oscar de filme estrangeiro. O pos star alemão Max Riemelt faz uma participação no filme como um dos funcionários de Freistatt. Ele é mais conhecido pelo seu papel como Wolfgang, no seriado "Sense8". Feistatt e outras instituições semelhantes deixaram de funcionar no final dos anos 70, e hoje em dia, segundo o filme, o governo paga indenização aos jovens que ali sofreram maus tratos.

Os pobres diabos

"Os pobres diabos", de Rosemberg Cariry (2013) Aqui no Brasil, toda a vez que se fala em filme de circo, fala-se também metaforicamente na tragédia da cultura, no ocaso da Arte popular, no descaso da população perante o Artista. Foi assim em "O palhaço", foi em "Os saltimbancos trapalhões", e também em "Bye Bye Brasil". E para quem assistiu ao lindo filme infantil, "Na corda bamba", o recado continua valendo. O poeta e Cineasta cearense Rosemberg Cariry apostou em um filme mais comercial, porem não menos artístico, em meio a sua filmografia mais voltada para o filme de Arte. Ele escreveu a historia de uma trupe de circo mambembe que circula pelo sertão do Ceará, ate parar em Aracati. Ali, no meio de um descampado sem fim, eles fixam ponto. Na ausência do público, na fome que e instala e na vontade dos artistas de desistirem de sua profissão, acompanhamos a rotina de alguns desses profissionais do circo. Traição, frustração, sonhos e desilusões se misturam, em meio a uma fotografia deslumbrante de Petrus Cariry, que aproveita com precisão a beleza da locação, da luz natural e da Direção de arte extraordinária de Sergio Silveira. O elenco é bastante eclético: Chico Diaz, Silvia Buarque, Gero Camilo, Everaldo Pontes, Zezita Matos e um time de atores locais, dão vida a tipos divertidos e tristes ao mesmo tempo. "Os pobres diabos" é um filme simples, que não quer ser maior do que ele ´´. Em 2013, venceu o Premio de melhor Filme do publico no Festival de Brasilia.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Krisha

"Krisha", de Trey Edward Shults (2015) Rodado em apenas 9 dias, e financiado por um Crowndfunding, "Krisha" foi escrito, editado, dirigido, protagonizado e produzido pelo jovem cineasta americano Trey Edward Shutts, mesmo realizador do terror "Ao cair da noite". O filme ganhou mais de 15 prêmios internacionais, e participou do Festival de Cannes na Mostra Semana da critica e em Sundance. Trey escalou para os personagens seus familiares e amigos, a maioria não atores. As únicas atrizes são as irmãs Krisha e Roby Fairchild, que interpretam as irmãs de mesmo nome no filme. Aliás, Robyn é mãe de Trey, e rodou o filme inteiramente na casa de sua mãe, no Texas. "Krisha" deve muito a 3 filmes contemporaneos: "Festa em família, de Thomas Vintemberg, "Mommy", de Xavier Dolan e "O casamento de Rachel", de Jonathan Demme. Dos filmes de Vintemberg e Demme, Trey pegou emprestado o tema do desconforto familiar durante um evento festivo que celebra a união de todos os integrantes, no caso, o Dia de ação de Graças. De Xavier Dolan, Trey buscou o conceito estilistico de dividir a janela de seu filme em 3 aspectos distintos: janelas 1:85, 2:35 e 1;33, cada um mostrando uma fase emotiva distinta da protagonista. Fora isso, ainda tem a trilha sonora acachapante e incomoda de Brian McOmber, que traz o espectador para dentro da mente de Krisha, em constante ebulição. Trey usa e abusa de zooms, tornando a narrativa de seu filme algo sombrio, quase um filme de suspense psicológico, quando na verdade, é uma lavação de roupa suja. Krisha, uma mulher de 60 anos, visita a casa de sua irmã Robyn durante o feriado de Ação de Graças. Chegado lá, ela reecontra toda a sua família: sobrinhos, cunhado, sua mãe e Trey, seu filho que ela abandonou para Robyn cuidar, por conta de seus problemas com alcoolismo e drogas. O filme é repleto de cenas intensas de interpretação, e diálogos primorosos. A cena do jantar é antológica na construção de atmosfera. Um filme estranho, incomodo, mas muito bem vindo para quem quiser assistir a embates poderosos de interpretação naturalista.

domingo, 2 de julho de 2017

Kiki, os segredos do desejo

"Kiki, el amor se hace", de Paco Leon (2016) Refilmagem espanhola do cult erøtico australiano "As pequenas mortes", de 2014, foi dirigido por Paco Leon, que vem a ser um dos atores do filme, no papel do marido que vai com a esposa para uma terapia de casais. Paco refilma as mesmas 5 historias, adicionando um tempero latino erotizado que a versão original não tinha, e também, investindo mais no humor. Sao 5 histórias que falam sobre casais em crise de relacionamentos, e cujos parceiros descobrem algum tipo de distúrbio sexual para apimentar a relação. Tem a mulher que tem tesao quando o marido chora; o marido que tem tesao quando a esposa dorme, a esposa que tem tesao quando sofre algum tipo de violência sexual, e por ai vai. O filme provavelmente ganhará o ódio das feministas, por mostrar as mulheres do filme com taras por comportamentos que as colocam ou como pervertidas, ou como objetos sexuais de fetiches masculinos. O filme tem um tom das primeiras comedias de Almodovar: sem pudor, anárquicas, no limite da pornochanchada e cheio de perversões sexuais. Diversão garantida para quem está a fim de uma comedia com muita malícia e sacanagem, com um divertido elenco. O ritmo que se arrasta as vezes, deixado o filme frouxo lá pela metade.

sábado, 1 de julho de 2017

Okja

"Okja", de Bong Joon Ho (2017) Polemico no Festival de Cannes 2017 por conta de ter sido produzido pela Netflix e não ser exibido na tela grande, "Okja" tem Brad Pitt como um de seus produtores. Para quem for assistir, existe uma cena final após os créditos do filme. O que mais chamou atenção foi a versatilidade da atriz Tilda Swinton, que tem cada vez mais, assumido a postura de uma Atriz de caracterização ( assim como Johnny Depp e Helena Bohan Carter). Ela está incrível interpretando as irmãs gêmeas Mirando. Outro que está indo por esse caminho é Jake Gyllenhaal, aqui dando vida a um personagem totalmente atípico de suas outras perfomances: aqui ele incorpora um tipo histérico, over, bem no estilo dos filmes sul-coreanos. Aliás, o elenco reúne um time impressionante: além dos citados, tem Lily Collins, Steve Yeun ( o Glenn de "The walking dead"), Paul Dano, Giancarlo Esposito e outros. Mas quem rouba o filme é a pequena atriz sul-coreana Seo-Hyun Ahn, que estreou nos cinemas com o thriller erótico "A criada". Bong Joon Ho realizou algumas pequena sobras-primas do cinema, entre elas, "Mother", Memórias de um assassino" e " O hospedeiro". Ele é um mestre na arte de seduzir o espectador, trabalhando a dinâmica e cenas de ação inusitadas e bizarras. Aqui, ele traz o tema do amor de uma criança por um animal estranho, já celebrizado em filmes como "Et" e " Virtude selvagem". A multinacional da indústria alimentícia Mirando resolve criar um superporco geneticamente criado para poder suprir a possibilidade da falta de comida no futuro. Mentindo para a população e dizendo que ele foi gerado naturalmente, mandam 26 fazendeiros do mundo criar um filhote. 10 anos depois, um desses porcos está sendo criado por um fazendeiro e sua neta, Mija, nas montanhas da Coreia do Sul. Mija deu o nome ao doce porco de Okja. No entanto, Mirando manda buscar Okja e traze-lo aos Estados Unidos. Mija vai atrás, e para ajudá-la, um grupo terrorista, encabeçado por Jay (paul Dano), tenta impedir o genocídio dos superporcos em um matadouro. O filme evidentemente foi escrito por Bong Joon Ho para fazer um alerta ao massacre de animais no mundo inteiro. Com as boas intenções, o filme foi visto como um libelo pacifista e ambientalista. Não fossem as cruéis cenas finais, o filme poderia passar por um produto da Disney, tal o carinho com que o filme foi produzido, repleto de cenas ternas e fabulescas. As cenas de ação foram muito bem feitas, e fiquei imaginando o orçamento gigantesco para dar conta de cenas épicas de ação, de multidão e do próprio efeito de CGI para recriar os porcos. Incrível acreditar que o filme tenha sido exibido para a velha guarda do Festival de Cannes, e fico a pensar o que eles devem ter falado sobre o filme.