segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A transfiguração

"The Transfiguration", de Michael O'Shea (2016) Raro filme de terror a concorrer no Festival de Cannes ( na Mostra paralela "Un certain regard", em 2016), "A transfiguração" é um filme de vampiro realista, como o próprio personagem faz questão de demonstrar. Michael O'Shea homenageia principalmente 2 filmes de vampiros: "Martin", de George Romero, e "Deixa ela entrar", cult sueco. Do primeiro filme, "Martin", O'Shea traz um protagonista aficcionado por vampiros e que acredita ser um. De "Deixa ela entrar", o protagonista e apaixona por sua vizinha e sofre com o bullying na escola e vizinhança. O que diferencia "A transfiguração" de todos os outros filmes, e dai vem a sua grande polemica, é a questão racial e social: O protagonista, o garoto Milo, seus vizinhos e os que pratica Bullying na escola são todos negros. Sua vizinha e paixão platónica, Sophie, e todas as vitimas de Milo, são brancas. Impossível não ficar alheio a essa questão do embate entre negros e brancos, principalmente quando em duas cenas impactantes, as vitimas são os brancos, assassinados de forma brutal por negros. Se conseguirem assistir ao filme ignorando o teor racial, assistirão a um belo filme de estreia, com ritmo lento mas contemplativo , mais artístico do que um filme comercial, e que mostra uma Nova York totalmente desglamourizada e aterradora. Os atores estão ótimos, a atmosfera do filme torna a metáfora da violência em terror, e a fotografia ajuda a dar esse clima de tensão. Milo ( o ótimo Eric Ruffin), é um menino que mora com o seu irmão mais velho, Lewis, que não sai de frente da tv. A mãe deles se suicidou há pouco tempo atras e isso transformou a vida de Milo para sempre. Um dia, uma adolescente, Sophie, se muda para o prédio, a perturbada Sophie, e Milo se apaixona por ela. Mas não sabemos se ele quer que ela seja sua próxima vitima, ou se ele de fato a protege. O filme recebeu vários Prêmios em Festivais internacionais.

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