quinta-feira, 7 de setembro de 2017

It, a Coisa

"It", de Andy Muschietti (2017) O cineasta argentino Andy Muschietti, responsável pelo excelente curta de terror "Mama", de 2008, e também pela sua adaptação para um longa homônimo ( infelizmente não tão bom), foi extremamente feliz nessa sua versão para o livro de Stephen King. Andy entendeu que o seriado de sucesso "Stranger things" pegou o espectador pelo emocional, e fez o mesmo com o seu filme: encheu de nostalgia e homenagem aos anos 80. E mais: nada disso teria dado certo, se os atores jovens não fossem cativantes. Cada jovem ator é um grande acerto.Escolhidos a dedo, eles representam os estereótipos daquela garotada que estamos acostumados em ver em qualquer filme pré-adolescente americano: loosers, virgens, medrosos, um gordo, outro negro, todos nerds e com problemas familiares. Ou seja, prato cheio para saciar a fome infinita de PennyWise, o palhaço devorador de crianças medrosas. Aliás, que performance incrível de Bill Skarsgård, filho do Astro sueco Stellan Skarsgard, no papel do grande vilão. Fico torcendo para que a sua carreira não se confunda com o de Pennywise, para não ficar marcado. Ele merece muitos filmes maravilhosos em sua filmografia. O seu olhar, o seu sorriso sedutor e assustador que faz com que se aproxime das crianças, é um grande achado. Os efeitos especiais também são maravilhosos. Impossível não se lembrar de Freddy Krueger vendo a performance do palhaço que se transforma no que quer. A jovem Sophia Lillis, no papel de Beverly, faz lembrar o tempo todo de Molly Rongwald ( até motivo de piada de um dos garotos) e na sua cena extraordinária no banheiro, uma homenagem incrível a "O iluminado" e "Carrie", , com cores fortes no jorro de sangue. Em 1988, na fictícia cidade de Derry, crianças desaparecem. Um grupo de amigos, que se entitula "Grupo dos perdedores" ( que a tradução das legendas infelizmente colocou como "Grupo dos otários"), tenta descobrir quem está por trás dos sumiços e descobrem que tiveram pesadelo com a mesma figura maléfica: o palhaço Pennywise, que se alimenta dos medos das crianças. Tá tudo aqui: "Conta comigo", A hora do pesadelo", "Et", "Alien" , "Goonies", tudo exatamente como em "Stranger things. Até mesmo um dos atores, Finn Wolfhard, o Mike de "Stranger things", o personagem mais divertido, com piadas infames e sujas. O grande barato da história de Stephen King, e que Andy Muschietti soube dosar muito bem, foi essa mistura entre drama, terror, comédia, aventura e ação. Ele captou a essência do filme: o verdadeiro medo dos adolescentes é se tornarem adultos, e ficarem iguais a seus pais: violentos, apáticos, sem vida. O desfecho, mostrando o desapego da rapaziada, é emocionante e chorei, me lembrando do final de "Conta comigo". Algumas cenas antológicas: a cena do banheiro, com Beverly em banho de sangue; a da projeção de slides na garagem, e o reencontro dos irmãos no desfecho. Para quem tem medo de filmes de terror, um alento: o filme não é violento, afinal, ele foca no público adolescente. Para nostálgicos, imperdível!

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