sexta-feira, 8 de setembro de 2017

La drolesse

"La drolesse", de Jacques Doillon (1979) Premiado no Festival de Cannes em 1979 com o "Young Cinema Award", esse filme do prestigiado cineasta francês Jacques Doillon com certeza renderia uma excelente peça de teatro, basicamente centrado na relação entre um rapaz e uma menina de 11 anos, ambos solitários e mentalmente perturbados. Baseado em uma incrível história real, o filme se passa em uma região rural no interior da França. Mado (Madeleine Desdevises, em atuação extraordinária e que faleceu aos 15 anos de leucemia, 3 anos após ter realizado esse filme) tem uma relação problemática com sua mãe. Um dia, voltando da escola, ela é sequestrada no caminho por François ( Claude Hebert, ator da obra-prima do naturalismo "Eu, Pierre Rivière, Que Degolei Minha Mãe, Minha Irmã e Meu Irmão"). Ele igualmente não se dá com seus pais, e tranca Mado no sótão de sua casa. Para sua surpresa, Mado não oferece qualquer resistência e entre ambos surge uma relação repleta de jogos, onde eles interpretam mãe e filho, marido e esposa, patrão e empregado. Até que um dia, Mado diz que quer ter um filho. Com um conteúdo polemico desses, Doillon privilegia o olhar lúdico e ingênuo dessas duas almas desencantadas com a vida. O trabalho dos 2 atores é impressionante. Madaleine lembra bastante a jovem atriz americana Chloë Grace Moretz e tem um olhar muito triste, e assistindo ao filme e sabendo que ela faleceu logo depois, me deixou com o coração bastante apertado, ainda mais na ultima cena, quando ela brinca de estar morta. Claude Hebert tem aquele olhar de louco, de alguém que está prestes a cometer algum ato de violência. E' impressionante. A direção de Doillon investe no cinema documentário, totalmente naturalista. Herdeiro de Bresson, seu elenco não interpreta e boa parte dos personagens é formado por não atores. Um filme que merece ser visto e discutido com os temas da pedofilia, loucura, personagem X real.

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