sábado, 23 de setembro de 2017

Pendular

"Pendular", de Julia Murat (2017) Coincidentemente, 3 filmes que estão no circuito possuem elementos em comum: além de "Pendular", "Mãe!", de Daren Aranofsky e "Como nossos pais" de Lais Bodansky falam sobre relacionamentos em crise, maternidade e Arte como símbolo e metáfora da própria vida irregular. Maria Ribeiro é design, Karen Ferro é dançarina e Jeniffer Lawrence é arquiteta e pintora de ambientes. Elas têm personalidade forte, mas questionam os atos de seus maridos que possuem desejos que não combinam com os seus. Desconfiança, ciúmes, ruptura. Como lidar com o outro? No caso dos filmes de Julia e Aranofsky as semelhanças são mais nítidas; o homem impõe um limite geográfico: daqui você não passa. Javier Barden tem uma sala privativa onde a mulher não entra. Rodrigo Bolzam divide o espaço onde trabalha e mora com a mulher com uma fita marcando território no chão. Ele é escultor e artista plástico. Ela é dançarina. Eles alugam um galpão localizado em um lugar ermo, que os amigos que visitam dizem ser perigoso. Mas a questão que o filme propõe é: o medo vem da geografia do bairro ou pelo isolamento do casal? Entre desejos e sonhos que são revelados e às vezes destruídos, o filme fala sobre Amor que sobrevive ao caos. Caos criativo, caos da intimidade. Em uma cena muito simbólica, é a mulher quem "penetra" o homem. Aliás, as cenas de sexo são bem viscerais, quase explícitas, em vela entrega do casal de atores. O elenco de apoio tem belas participações, e a trilha sonora e a fotografia corroboram no sentido artístico e autoral da proposta do filme. O filme ganhou o prêmio Fipresci da crítica em Berlin.

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