domingo, 24 de dezembro de 2017

A doce vida

"La dolce vita", de Federico Fellini (1960) A obra máxima do Mestre italiano, tão cultuada que Paolo Sorrentino realizou o seu premiado "A grande beleza" se inspirando totalmente no filme de Fellini, de 1960. Nessa época, Fellini já era considerado um dos Grandes Cineastas italianos de todos os tempos: já tinha 2 Oscar de filme estrangeiro ( por "A estrada da vida" e " As noites de Cabíria"), Por "La dolce Vita", Fellini viria a ganhar sua primeira Palma de Ouro de melhor filme. E mais: "La dolce Vita" vem espremido na filmografia de Fellini por 2 obras-primas: " As noites de Cabíria" e na sequencia, " 8 1/2" ( antes de "* 1/2", Fellini dirigiu um episódio no Longa " Bocaccio 70). A cena de Anita Ekberg na Fontana di Trevi é tão famosa e icônica, que antes de eu assistir ao filme, achava que ela estava no filme todo. Fiquei chocado quando percebi que a história de Sylvia, sua personagem, fazia parte apenas de uns 20 minutos do filme ( o filme tem 3 horas de duração). Ambientado na Itália do Milagre económico, já refeita dos revezes do pós-Guerra, o filme apresenta uma sociedade decadente em termos sociais e profissionais. Marcello ( Marcello Mastroiani) interpreta um jornalista que vai atrás de celebridades e fatos bizarros. E' através de seu olhar que testemunhamos várias histórias que acontecem na Roma vestida de Sodoma e Gomorra, abençoada por uma estátua de Jesus no início de seu filme. Uma forte contradição, uma vez que o que acompanhamos são histórias banhadas em sexo, depressão, drogas e melancolia. Entre as histórias, temos: Madelene ( Anouk Aimeé), uma famosa decadente que é amante de Marcello, Sylvia ( Ekberg), uma famosa atriz sueca que vem para Roma filmar um longa; a suposta aparição de Nossa Senhora na periferia de Roma; o suicídio de um intelectual, que assassinou seus 2 filhos; uma excursão de milionários por uma mansão habitada por supostos espíritos. Fora essas, existem quase uma dezena de outros segmentos, mas um dos que mais me emocionou, foi o reencontro de Marcello com o seu pai. A cena onde eles vão para um cabaret é antológica. A fotografia em preto e branco de Otello Martelli é absurdamente linda, intensificando com sombras e escuros a tristeza desses ricos e famosos em busca de uma felicidade inexistente. A trilha sonora de Nino Rota dispensa comentários, deixa a todos com arrepios `a flor da pele. Li que o ex-produtor Dino de Laurentis queria escalar Paul Newman para o papel principal, e ante a recusa de Fellini, que insistia em um desconhecido Mastroiani, pediu demissão.

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