sábado, 30 de dezembro de 2017

Projeto Flórida

"The Florida Project", de Sam Baker (2017) Sam Baker é daqueles Cineastas que metem a mão na massa e fazem de tudo em seus filmes independentes. Foi assim em "Starlet", depois no premiado "Tangerine" ( famoso por ter rodado o filme com 4 celulares Iphone 6) e agora com o também super premiado "Projeto Flórida". Rodado em 35 mm, apenas na cena final, com as meninas correndo pela Disneyland, ele rodou com Iphone, escondido da segurança da Disney ( ele usou o mesmo recurso do cult de terror "Fugindo do amanhã", de Randy Moore, totalmente rodado `as escondidas na Disney). Sam Baker dirigiu, escreveu, editou e produziu esse comovente drama sobre mãe e filha desajustadas em uma Orlando longe da Fantasia da Disney, Choca, e muito, o talento de Brooklynn Prince, no papel de Moonee, uma menina de apenas 6 anos de idade! Que talento! Além dela, Willen Dafoe, no papel de Bob, gerente do Motel onde elas moram, Bria Vinaite, no papel de Halley, mãe de Mooneey e as outras crianças do casting conferem uma performance naturalista em um filme que mais parece um documentário sobre a sociedade marginalizada dos Estados Unidos, os sem teto brancos, negros e latinos que não possuem qualquer tipo de futuro brilhante em suas vidas. Desemprego, prostituição, trapaças, roubo, vale tudo para sobreviver no dia a dia dos personagens. O filme traz um olhar para uma parcela da população que não tem casa para morar, e vivem em Motéis de 35 dólares a diária. Uma dessas pessoas é Halley e sua filha Mooney. Halley faz de tudo para ganhar um dinheiro suado, desde vender perfumes falsificados até se prostituir. Mooney, por sua vez, se diverte com os filhos de outros moradores. Bob age como uma figura paterna, botando ordem no local e na vida dos moradores. Não é um filme fácil de assistir. Sam Baker não se preocupa se nos, os espectadores, sentiremos pena das personagens, Ele não faz questão de piedade, tanto que mãe e filha são irritantes, mal educadas e mau caráter. Fazem tudo errado e ainda contagiam pessoas inocentes para embarcar nessa viagem louca pelo lado marginal da vida. Sam Baker quer ir além: quer mostrar a falta de assistencialismo do Governo, que não supre as necessidades básicas para os sem teto. Quando a assistência social aparece, vem de forma truculenta, violenta. A melhor coisa do filme, é o paralelo que Baker faz entre o Mundo encantado da Disney para quem frequenta seus parques caríssimos, e o mundo encantado" dos pobres, formado por lojas de 5a categoria, rodovias e parques infestados de pedófilos. Uma cena antológica: um casal de brasileiros ( atores brasileiros mesmo!) levando um susto ao chegarem para o check in no Motel vagabundo e descobrirem que foi tudo um engano ( afinal, o Motel se chama "Magic Kingdom). O filme foi exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário