domingo, 11 de março de 2018

O jovem Torless

"Der junge Torless", de Volker Schlöndorff (1966) Adaptação do livro do austríaco Robert Musil, escrito em 1906, que relata as suas experiências em um colégio interno masculino. Lançado em 1966, o filme venceu o Premio Fipresci no Festival de Cannes, e é considerado um dos baluartes do Movimento do novo Cinema alemão, que lançou cineastas importantes como Fassbinder, Margareth Von Trotta, Win Wenders, entre outros. Ambientado em um colégio para homens na Austria pré Primeira Guerra Mundial, o filme acompanha Torless, um garoto classe média alta, e o seu relacionamento com professores e colegas de classe. Através de seu ponto de vista, ficamos sabendo que um de seus colegas, Bazini, foi pego em flagrante por 2 estudantes, roubado o dinheiro de um deles. Ao invés de denunciá-lo ao Diretor da escola, os 2 estudantes resolvem prender Bazini e torturá-lo no porão, sob o olhar atónito de Torless. O que ele não poderia imaginar, é que durante a sessão de tortura e estupro, ele pudesse sentir desejos pela violência infligida ao colega. Extremamente ousado para a sua época, tanto o livro quanto o filme chocaram pelo seu conteúdo homoerótico e violento, com uma tese muito semelhante ao que a ensaísta Hannah Arendt havia pregado em vários de seus livros, "A banalidade do mal". Uma metáfora precoce ( já que o livro foi escrito em 1906) sobre o surgimento da Alemanha nazista, justificando os atos de Hitler em prol de um País melhor, livre de assassinos, bandidos e homossexuais. Belas atuações do elenco jovem, boa parte não ator, com uma direção seca e narrativa fria conduzida com maestria por Volker Schlöndorff.

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